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“Preço do café deve cair apenas em 2026, mas não retornará ao nível habitual”, diz Abic.

  • nick97753306
  • 20 de mar.
  • 4 min de leitura

A fonte pode variar, mas a conclusão é a mesma, palpável: o preço do café subiu muito. Segundo o IBGE, até fevereiro a alta em 12 meses é de 66,18%, 13 vezes a variação do próprio IPCA (5,06%).


A fonte pode variar, mas a conclusão é a mesma, palpável: o preço do café subiu muito. Segundo o IBGE, até fevereiro a alta em 12 meses é de 66,18%, 13 vezes a variação do próprio IPCA (5,06%). Pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), 50,34% em 12 meses. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no município de São Paulo a alta do café em pó ao consumidor foi de 45,24% nos últimos 12 meses, até fevereiro. A própria Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) afirma que, conforme o tipo, o aumento chegou a 39,36% no ano passado – a matéria-prima subiu 224% em quatro anos, e 110% no varejo. A explicação inclui redução da oferta, basicamente por fatores climáticos, e crescimento da demanda, o que leva os preços para cima no mercado internacional. E com os chineses consumindo cada vez mais café. Com isso, o brasileiro está sentindo o peso no bolso em cada uma das 1.430 xícaras que consome por ano.

O consumo interno ainda cresceu em 2024: 1,1% sobre o ano anterior. As exportações aumentaram 28,5% (em volume) e 55,4% (em receita). Esse aumento de preços “galopante e sem arrefecimento” ainda deve demorar para passar, segundo o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio. Se tudo der certo na safra deste ano, diz ele, há alguma perspectiva de queda em 2026. Mas sem empolgação: “Mesmo havendo queda, não acredito que esses preços voltarão ao patamar a que estávamos acostumados”.


A primeira e inevitável pergunta: por que o café está tão caro?
A primeira e inevitável pergunta: por que o café está tão caro?

Celírio Inácio – Nós temos quase 300 anos que a gente produz café. Eu tive a curiosidade de buscar na história quando tinha acontecido isso com os preços (da matéria-prima, a commodity), quando tinha sido tão elevado. Isso aconteceu duas vezes na história, em 1975 e 1982, mas por dois e cinco dias. Aconteceu por alguma razão, e logo a Bolsa voltou aos patamares normais.

E agora…Celírio Inácio – Estamos com esse aumento há dez meses, galopante e sem arrefecimento. Desde 2020 nós estamos com um problema climático. Ora tem geada, ora é falta de chuva, ora excesso de calor. Em 2020 tivemos uma safra bem importante [63 milhões de sacas], e de lá para cá essas safras têm sido sempre frustradas. E o mundo, especialmente de quem produz café – Colômbia, Indonésia, Vietnã –, também teve problemas climáticos. Isso tudo fez com que os estoques ficassem cada vez menores e a produção acabou não atendendo a demanda. Também houve problemas de transporte, por causa de conflitos e guerras, e a depreciação do real frente ao dólar. Tudo isso fez o preço subir.


Pelo lado da oferta esse pacote de variáveis negativas. E pelo lado da demanda?Celírio Inácio – Países como a China, que entraram para o consumo.

Substituiu o chá?Celírio Inácio – Não chegou a haver uma substituição, mas se isso acontecer vai ficar difícil produzir café no mundo. A China já é o sexto maior importador de café. Há quatro ou cinco anos, era o 22º. A Luckin Coffee [rede de cafeterias chinesa aberta em 2017] assinou contrato com a ApexBrasil [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] para compra de 120 mil toneladas [até o final de 2024; novo acordo prevê 240 mil toneladas de 2025 a 2029, com valor estimado de US$ 2,5 bilhões]. Xangai é onde existe o maior número de cafeterias do mundo.

E eles estão consumindo mais o nosso café.Celírio Inácio – Se a China continuar consumindo café nessa velocidade, vamos continuar com algum problema de oferta. Mas o que está afetando é um conjunto de fatores. A melhoria da produção depende diretamente das condições climáticas.

Mesmo assim, o consumo interno aumentou…Celírio Inácio – Sim, tivemos um aumento de 1,11% [21,9 milhões de sacas no ano passado, 40% da safra – confira quadro abaixo]. Por isso falo que o consumidor ainda não sentiu tanto esse aumento. Até setembro, não tivemos nenhum aumento anormal do mercado. A gente sempre diz que o café é resiliente, porque não existe outra bebida para substituir. Esse [aumento] que está tendo agora nós não temos histórico para comparar com salário mínimo, com cesta básica. É um momento de muita apreensão, de muita conversa com o varejo. A gente sabe que não é só o café. A cesta de alimentos tem tido um aumento. A indústria e o varejo estão conversando muito sobre esse movimento.

A indústria segurou preços?Celírio Inácio – Só no ano passado, a alta da matéria-prima passou de 180%. E a indústria repassou 36% até 15 de dezembro, foi o levantamento que fizemos. Isso se deu por alguns fatores.

Quais?Celírio Inácio – Café você também compra [no mercado] futuro. De alguma forma, a indústria tinha alguns estoques de quatro a cinco meses, alguns já comprados e negociados a preços favoráveis. E existe uma competitividade muito grande entre as indústrias. A indústria continua atenta a esses momentos, compra na baixa, faz estoque. Mas os estoques acabaram, as negociações se findaram, a ponto de ocorrer esse aumento acelerado em março, para que a indústria possa repor alguns preços que não conseguiu repor em 2024.

Com todos esses fatores, é possível estimar quando os preços começarão a cair para o consumidor?Celírio Inácio – Neste momento todos estão muito atentos ao consumo. Eu diria que um mês muito importante para que isso possa estar se entendendo é de setembro. A gente já está trabalhando com a expectativa de 2026, e em setembro estará trabalhando com a perspectiva de 2027, quando acontecem as floradas.

Somente em setembro um cenário mais claro?Celírio Inácio – Se tivermos um momento favorável ao clima e o consumo no mundo não tiver algum impacto, a partir de setembro o mercado vai começar a se mostrar favorável ou desfavorável. E diante de uma perspectiva otimista, acredito que só em 2026 teríamos alguma perspectiva de queda. Os preços estão em patamares não desejados por ninguém. Inclusive pelo produtor. Precisam dar uma arrefecida. Por outro lado, ver os preços do café como a gente estava acostumado, eu não acredito que mesmo havendo queda esses preços voltarão ao patamar a que estávamos acostumados.


 
 
 

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